- Como obséquio de minha escravidão por amor -

27 de fevereiro de 2015

Nascimento da Bem Aventurada Virgem Maria

Adeus ao berço


Recebe, ó bela Virgenzinha, os versos
     que em teu berço depõe
este pobre mendigo, este enjeitado.
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Para teu nascimento, meu amor tecera
mais numerosas grinaldas de lírios e rosas.
Porém, reservando-as para quando fores Mãe,
para quendo em teu regaço dormir o próprio Deus.
     Entretanto, irás sorvendo
da fonte nívea do materno peito,
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e acostumando às papinhas os dentes que despertam.
Assim crescerás até que fores conduzida
     ao templo do Senhor:
grande honra, nobre encargo, excelsa glória!
sustenta-me a mim também em tua graça
afim de que em meu peito se avolume
     a fornalha de amor tão belo!

21 de fevereiro de 2015

Nascimento da Bem Aventurada Virgem Maria

"Último convite"


Aproximai-vos quantos caminhais gemendo
     sob o peso do pecado,
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     que vos verga ao abismo.
Esta pequenina dará a luz ao Redentor
que arrojará dos ombros a carga insuportável.
Achegai-vos, meninos! Achegai-vos, ó jovens!
Um presentinho, ó homens! Um mimo, ó anciãos!
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Correi quantos através das sendas difíceis
     procurais atingir
o píncaro nevado da pureza.
     Ela vos mostrará
o caminho bem trilhado da virgindade,
que nos conduz suavemente
     ao monte da eterna brancura.
Ó Senhora, ó Virgem, faixa de luzente pureza!
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Os que tu amarras ninguém os pode desatar:
aperta-me o peito com o laço da castidade
e cinge-me os rins com as tuas cadeias!

19 de fevereiro de 2015

Nascimento da Bem Aventurada Virgem Maria

"O doce ofício de mãe"


Ó peso venturoso e sem moléstia alguma,
que repousa, mãe ditosa, nos teus braços!
Este fardo não te pesou no seio
nem tristeza ou dor sentiste ao dá-lo ao mundo.
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     E com razão:
a que vinha desterrar do mundo as dores
     não podia causar-te
o menor dano, a mínima tristeza.
     Ao feliz a felicidade!
a uma conceição sem mácula, um nascimento sem dor.
Envolver-lhe amorosamente os dedos delicados,
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apertá-los com ternura nos teus braços,
beijar-lhe longamente essas maçãs rosadas,
aquentar-lhe os labiozinhos em teus lábios de mãe,
meter-lhe na boca deleitosamente
     o botão florido do peito,
matando-lhe a fome e matando-lhe a sede,
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acalentá-la ao som de improvisada nênia,
enquanto o filete de neve lhe escorre pelos lábios:
     tudo isto é uma doçura,
     a doçura desta filha,
que a teu peito possui mais que tu mesma.