- Como obséquio de minha escravidão por amor -

16 de novembro de 2015

Vida da Virgem no Templo

A atração do bem



Mau grado meu, sinto que uma força me arrasta
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a contemplar os deslumbrantes clarões de tua vida.
Quando raia a manhã trazendo a pós si o novo dia
oh! como deixas o amplexo e os ósculos divinos!
     De novo tua mão
corre ao duro trabalho, pressurosa,
e os dedos arrebatam o fuso sequiosos
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Rodeiam-te as outras virgens, tuas irmãs,
     a tecer também seus fios,
ávida cada qual de vencer sua meada.
Põe os olhos em ti de admiradas,
     ao ver sem inveja
que a destreza de tuas mãos a todas excede.
     Mas, não te deixas vencer:
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Em tua sublime modéstia vais buscar
     o último lugar.
Prestar humildes serviços às donzelas consagradas
eis a tua preocupação,
a tua tua glória mais ambicionada.
Tu lhes limpas com humildade as vestes
estendes as camas e, serva obsequiosa,
     guisas os manjares:
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Varres alegre a casa e lavas a louça:
     lanças a tua conta
quanto de abjeto há de fazer no santuário:
     se a doença feres a alguma,
tornaste medicina, palavra confortadora,
doce obséquio, auxílio pronto a tudo.
Mas, die-me, que ideal te inflama, ó Virgem,
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nesse ofício tão baixo, nesse ofício de escrava?
Talvez ignoras que um dia, soberana do céu,
hás de ter aos pés todo o universo?
     Deixa aos servos o servir:
a seda, a púrpura, o império, o trono, o cetro, a coroa
     eis o teu apanágio!

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